Clima

O clima do Pampa

Existem várias propostas de classificação climática que incluem a região do Pampa brasileiro. Dessa forma, as principais delas são apresentadas abaixo.

  • Köppen-Geiger modificada por Braga & Ghellere (1999)
    Segundo essa classificação, quatro tipos climáticos são observados ao longo do Pampa brasileiro: Clima subquente, Clima mesotérmico brando 1, Clima mesotérmico brando 2 e Clima mesotérmico brando 3.
  • Köppen-Geiger modificada por Maluf (2000)
    Segundo essa classificação, os três tipos climáticos observados ao longo do Pampa brasileiro são: Clima temperado, Clima subtemperado e Clima subtropical. O autor subdivide esses tipos em pelo menos nove subtipos climáticos para a região, levando em consideração as possíveis variações regionais em excedente ou déficit hídrico.
  • Köppen-Geiger modificada por Alvares et al. (2014)
    Segundo essa classificação, dois tipos climáticos são observados na região: Clima temperado quente (Cfb) e Clima subtropical (Cfa).

Apesar das particularidades, de forma geral, as propostas acima coincidem ao apontar a porção sul da região pampiana (Escudo cristalino e parte da Planície Costeira) como aquela com temperatura mais amenas e com menor acúmulo anual de chuvas, principalmente se comparada com a porção norte da região (Planalto). Outro aspecto comum às propostas é a sazonalidade climática típica da região, inserida na Zona Temperada Sul.

As variações circanuais em temperatura e fotoperíodo são os principais fatores responsáveis pela sazonalidade climática na região do Pampa brasileiro. Dessa forma, o período de outono-inverno é classicamente caracterizado por dias curtos e frios, incluindo temperaturas negativas concentradas nos meses de junho e julho (e.g. mínimas médias absolutas de até -4°C nos campos do Escudo Cristalino e do extremo sul da Planície Costeira), bem como a ocorrência de geadas.

O amanhecer dos campos cobertos pela geada no inverno em Rosário do Sul. No detalhe, cristais de gelo sobre a vegetação rasteira, Santa Margarida do Sul.

A ocorrência de neve é rara e restrita a alguns pontos da região (e.g. Caçapava do Sul, Canguçu, Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista). Durante o inverno, o menor fotoperíodo ocorre em junho, totalizando cerca de 10 h diárias de luz. Em contraste, as temperaturas de primavera e verão atingem, respectivamente, as médias máximas absolutas de 34°C e 38°C em grande parte da região (exceto áreas serranas). Durante o verão, o fotoperíodo atinge o maior comprimento no mês de dezembro, quando totaliza em média 14 h diárias de luz. A amplitude térmica diária também é acentuada no Pampa, devido à vegetação predominantemente campestre, que limita a estabilidade microclimática. Essa variação circadiana na temperatura do ar pode ser ainda mais acentuada onde a vegetação é esparsa, entremeada com solo exposto, como nas dunas da Planície Costeira.

Alguns fatores climáticos variam regionalmente obedecendo, ao que tudo indica, um gradiente de continentalidade: a radiação solar total aumenta desde os campos da Planície Costeira até os campos da região oeste, enquanto a umidade relativa do ar apresenta tendência contrária. A variação circanual na umidade do ar não é acentuada, já que historicamente não atinge valores menores que 60% ao longo das estações. As chuvas variam regionalmente de 1200mm a 1900 mm e são bem distribuídas ao longo do ano, sem a ocorrência de estação seca definida. Entretanto, as elevadas temperaturas registradas de dezembro a março promovem alta evapotranspiração, com consequente potencial de déficit hídrico superficial durante o verão (i.e. o volume evaporado pode exceder o volume precipitado durante o período). Em oposição, a maior disponibilidade hídrica ocorre durante o inverno, quando a temperatura do ar é baixa. Regionalmente, os maiores déficits hídricos superficiais ocorrem nos campos da Planície Costeira e do extremo oeste do Pampa, enquanto a maior disponibilidade hídrica potencial ocorre no limite norte do bioma, em parte dos campos da Depressão Central e nos campos do Planalto.

Vale ressaltar que variações climáticas interanuais podem ocorrer na região e ter relação com os fenômenos El Niño e La Niña. Ambos são fenômenos atmosférico-oceânicos e oceânico-atmosféricos que interferem no clima (no regional e global), devido às mudanças nos padrões de vento, que por sua vez interferem nos regimes de chuva em regiões de latitudes médias, incluindo o Pampa. Em anos afetados pelo El Niño, há um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Esse aquecimento faz com que a região Pampiana apresente clima mais chuvoso e quente no período de primavera e início de verão. Já a La Niña, caracterizada pelo esfriamento anormal do Oceano Pacífico Tropical, causa efeitos contrários ao El Niño. Desta forma, no mesmo período supracitado, geralmente prevalece um clima mais frio e seco na região, com maiores chances de estiagens.

A variação climática no Pampa

Existem várias propostas de classificação climática que incluem a região do Pampa brasileiro. As variações circanuais em temperatura e fotoperíodo são os principais fatores responsáveis pela sazonalidade climática na região do Pampa brasileiro, já a umidade do ar e as chuvas normalmente não apresentam variação importante ao longo do ano

Geada

Calor

Temperatura

Referências Bibliográficas

Alvares C.A., Stape J.L., Sentelhas P.C., Gonçalves J.L.M. & Sparovek G. 2014. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 22(6):711-728.

Anuário Interativo do Observatório Nacional. http://staff.on.br/jlkm/ephemeris/index.php 

Atlas Socieconômico do Rio Grande do Sul. https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/clima-temperatura-e-precipitacao 

Barros, V. R., A. M. Grimm, e M. E. Doyle, 2002. Relationship between temperature and circulation in Southeastern South America and its influence from El Niño and La Niña events. Journal of the Meteorological Society of Japan 80:21-32.

Grimm A.M., Barros V.R. & Doyle M.E. 2000. Climate variability in southern South America associated with El Nino and La Nina events. Journal of Climate 13(1): 35-58.

Maluf J.R.T. 2000. Nova Classificação Climática para o Estado do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrometeorologia 8(1):141-150.

Radin B., Matzenauer R., de Melo R.W., Wrege M.S. & Steinmentz S. 2017. Quantificação e distribuição sazonal da precipitação pluvial nas regiões ecoclimáticas do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Geografia Física 10(4):1161-1169.

Wrege M.S., Steinmentz S., Júnior C.R. & Almeida I.R. 2011. Atlas climático da região sul do Brasil: estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Embrapa Clima Temperado. 336p.

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