Quando criança, ainda bem pequeno, gostava de desenhar bichos e seus ambientes. Lembro de alguns bichos no fundo do mar, desenhados com canetinha hidrocor no verso da tampa de uma caixa de sapato (esse a minha mãe guardou por muitos anos). Outras vezes eram contornos desenhados com carvão nas paredes do galpão ou até com um graveto no pó do chão. Na maior parte da minha vida a tinta não teve muito espaço. Na ausência da oportunidade para o contato mais duradouro com a tinta, lápis de cor e giz de cera foram os parceiros habituais. Pensando bem, acho que as crianças deveriam ter mais contato com tinta na escola, onde a supremacia ainda é dos lápis. As aulas de educação artística tinham o poder de sequestrar para um mundinho particular. Eu gostava do resultado e era comum mostrar meu caderno para as visitas mais simpáticas (narcisismo primordial?). No Ensino Médio havia uma disciplina muito bem estruturada, que incluída até história da Arte em um polígrafo nota 10 que a própria professora e expositora de arte havia elaborado para lecionar (antes que se perguntem, sim, era uma escola pública!). Durante a graduação, os desenhos perderam muito espaço e só apareciam nas aulas práticas de Zoologia e Botânica. Ainda guardo esses rabiscos à lápis… são cogumelos, samambaias, peixes. O período da Pós-Graduação foi quase um hiato, embora mantivesse ao menos o hábito de rabiscar coisas aleatórias em folhas avulsas, agendas e contracapas de cadernos. Entretanto, um minicurso de ilustração científica durante um congresso foi o sopro de coragem que faltava para enfrentar o primeiro girino desenhado a nanquim. Na verdade, em retrospectiva, talvez tenha sido um momento de flerte relâmpago com a interação entre Ciência & Arte que eu ignorava. A relação mais estável com o desenho e pintura nasceu da necessidade de uma atividade para aliviar a pressão semanal do trabalho. As horas descontraídas e a convivência em ateliê me dão confiança para tentar representar a beleza singular não apenas de paisagens aqui da região pampeana, mas também da fauna, em especial das larvas dos anfíbios.

Elas possuem em vida padrões de coloração muito interessantes, incluindo iridescências e transparências, que de modo geral desaparecem dos animais em líquidos de preservação. Utilizo pintura à óleo (sobre tela e papel telado), bem como aquarela nesse desafio de representar nuances que a gente normalmente vê apenas observando animais vivos e muito de perto. Parte do meu acervo pessoal foi exposto na seção HerpetoArt, durante o IX Congresso de Herpetologia, em Campinas (2019). A ideia aqui é trazer um pouco do resultado dessa rotina de trabalho (que na verdade é lazer!).

Galeria

capa limnomedusa macroglossa
capa flamingos salar
capa maguari 2
capa lygophis anomalus
capa flamingo andino
capa scinax nasicus
capa galapagos tortoise
capa imago p iheringii
capa graças 2
capa flamingo galapagos
capa e bicolor
capa scinax granulatus
capa boana
capa p minuta
capa monarca
capa flamingo chileno
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